[por Daniela Penna] Recentemente tivemos uma experiência, no mínimo, inusitada. Dois clientes estavam participando de um grande trade show em SP. Obviamente, fizemos nossa lição de casa para ambos: desenvolvemos o material para o evento, divulgamos, sugerimos pautas exclusivas e entramos em contato com a assessoria de imprensa do evento para somarmos esforços, termos acesso à lista de imprensa confirmada, etc. Ou seja: O BÁSICO, DO BÁSICO, DO BÁSICO! Pois bem: a assessoria do evento era do RJ (até aí, tudo bem, afinal em tempos de tecnologia avançada, fica fácil gerenciar grande parte das atividades à distância). Um dia antes do evento começar, recebemos um e-mail oficial da assessoria dizendo que estariam à nossa disposição para qualquer coisa, mas que eles não estariam presentes no evento! Como? Ninguém? Sério?

Fiquei me perguntando: hipoteticamente deve correr tudo bem, mas, e se cai uma estrutura? E se acontece algum acidente? E se os jornalistas precisam de apoio no evento? Cabe a quem ajudá-los? Cabe a quem cuidar da imagem do evento e dar o suporte necessário? Em tempos de redes sociais, câmeras, fotos, Snapchat e que, tanto o bom e especialmente o ruim correm rápido, como assim ninguém estará lá? A assessoria de imprensa do evento não deveria estar…no evento?

Tenho percebido que as agencias vendem-se como fazedoras de tudo: storytelling, assessoria de imprensa, redes sociais, conteúdo digital, PR 2.0, marketing de conteúdo e todas as outras vertentes que aqui quiser colocar, mas pecam no básico: somem por semanas a fio, sem dar qualquer sinal de vida ao cliente, não cumprem prazos, não estão presentes nos eventos, não entregam o que prometem – sendo que no processo de prospecção garantem atendimento com equipe sênior e envolvimento dos sócios. Em poucos meses de casa e com a conta já rodando, o atendimento é substituído por uma pessoa júnior ou mesmo estagiário, o sócio não aparece sequer nos eventos importantes ou mesmo faz uma ligação de relacionamento a cada dois meses. Pode? Não, não pode!

Sabe-se que cada cliente tem uma necessidade e um perfil: alguns são mais carentes, outros mais proativos, outros menos, mas, sejamos honestos. As coisinhas do dia-a-dia, aquela “mão na roda” que a assessoria pode (e deve) ser, aquele olhar estratégico para o negócio, onde foi parar? E pobre do cliente – especialmente aquele que não tem experiência com agências anteriores – deixa-se levar por uma promessa e consequentemente tem uma experiência oposta e frustrante. Tem ainda aquelas que garantem resultado “você vai sair na capa da Exame”! Não, gente. Sejamos sérios, honestos e éticos com os clientes. Afinal, onde fica a reputação da agência se ela não cumpre o que promete? Se parte do nosso trabalho é ajudar a construir a reputação de seus clientes estruturando o discurso e avaliando as oportunidades, que tal começar dentro de casa?

Não vale mentir para o cliente, nunca. Não subestimem a inteligência e muito menos desvalorizem a aposta dele em seus serviços. Afinal, é nossa responsabilidade manter o mercado valorizado, portanto atitudes desconexas acabam sendo um tiro no próprio pé. Quer fazer PR 2.0? Comece sendo honesto e ético.